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O SONO NA PANDEMIA

Atualizado: 23 de nov. de 2022



A qualidade do sono do brasileiro piorou durante a pandemia. Mesmo ainda não tendo estatísticas nacionais exatas, no consultório de Medicina do Sono, observamos a maior demanda de certos transtornos do sono. Queixas de insônia, sonambulismo e exacerbação de transtornos mentais de base, como depressão e ansiedade, têm sido mais frequentes.

Sabemos que os transtornos mentais têm uma interface importante com o sono. A ansiedade, muitas vezes, pode ser causa de insônia inicial, que é a dificuldade de pegar no sono. E a depressão tanto pode causar quadros de hipersonia, do paciente se sentir mais sonolento e ter maior tempo de sono; como também o que chamamos de insônia terminal, que é quando o paciente acorda antes do horário desejado.


O momento atual também traz uma preocupação mais frequente com o futuro, reflexão sobre a morte e até situações mais complicadas, como a perda de entes queridos, lidar com o estresse de ter que trabalhar com as crianças em casa, a perda do emprego e mesmo ser um possível vetor de contaminação para os próprios familiares. Um estudo brasileiro recente constatou que o brasileiro passou a ter mais pesadelos, durante esse período. Especialmente entre mulheres, jovens e associado ao maior consumo de medicamentos indutores de sono e álcool.


Outro aspecto importante, é a mudança do ritmo do sono. Com as pessoas trabalhando em casa, têm tido menor exposição solar e tendo horários mais irregulares para dormir. Pessoas que são naturalmente mais vespertinas, que por determinação genética, tendem a acordar mais tarde, dormir mais tarde e rendem mais à noite e fim de tarde, têm tido mais liberdade de assumir seu ritmo biológico. As crianças também têm dormido por mais horas, o que nos faz indagar se realmente dormem a quantidade necessária para idade, no cotidiano normal.


A ABS (Associação Brasileira de Sono), a fim de entender melhor o sono da nossa população, durante esse período tão difícil, iniciou uma pesquisa no seu site, aberta à população, para compreender melhor e termos dados estatísticos de como esse impacto está sendo de fato. Convido à todos, a acessarem o site da www.absono.com.br e responderem o questionário.


Não creio que teremos um mudança desse cenário pandêmico tão logo, por isso é importante manter bons hábitos de sono. Dormir em horários regulares, tomar sol de manhã, evitar tanto o consumo de álcool como exercícios físicos e uso de aparelhos eletrônicos perto do horário de dormir. Usar a cama apenas para o sono, dormir por um período adequado a cada idade e indivíduo, não ficar na cama sem sono e deixar as preocupações para o dia de amanhã. Aconselho muito dos pacientes a fazerem um diário e colocarem suas preocupações em uma folha de papel, antes de deitar. Técnicas de relaxamento, meditação e mindfulness também podem beneficiar os mais ansiosos. Porém o mais importante, é fazer uma investigação bem feita, diagnosticar o transtorno do sono e fazer um acompanhamento médico adequado.


Também já é sabido que uma pessoa que dorme melhor tem um sistema imune mais eficaz. A privação de sono e mesmo outros transtornos de sono, como apneia obstrutiva do sono, por exemplo, podem levar a estados pró-inflamatórios e afetar o sistema imune.


Nessa semana, em todo Brasil, teremos várias atividades relacionadas ao sono, que podem ser acessadas no www.semanadosono.com.br e as atividades relacionadas a nossa região, que abrange cidades do interior de São Paulo, também podem ser acessadas pelo insta @absonointeriorsp. Espero que a população possa participar desse momento para tirar suas dúvidas e a aprender mais sobre o assunto. Lembrando, que o dia mundial do sono será 19 de março, e nosso lema é " Sono bom, um futuro saudável".


Ísis Shibasaki - otorrinolaringologista subespecialista em medicina do sono, coordenadora da ABS do interior de São Paulo


Entrevista e texto concedido à jornalista Laura Ravagnani para publicação no dia 17.03.2021.



Referências:

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