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SEREMOS HOMENS OU MÁQUINAS?

Atualizado: 23 de nov. de 2022


O MUNDO NÃO PARA?

No decorrer dos séculos, acompanhamos a evolução das luzes, da tecnologia e de um mundo sem fronteiras. A energia elétrica fez possível a escuridão ser clara e os dias mais "longos". Nas sociedades que se mantinham sob a tutela da luz solar, os raios do sol apontavam a hora de levantar, a hora de dormir, e o próprio lusco-fusco dizia em consonância com o céu, que nosso íntimo devia se aquietar e voltar para a casa. As luzes, naturalmente, diminuiam e tudo seguia um fluxo em degradê. Mas, pouco permanece o mesmo. Nos últimos trinta anos, surgiram a internet, o skype, os smartphones, tablets e todos os tipos de redes sociais. Os vídeo-games se tornam cada vez mais uma realidade quase que paralela. Os dispositivos em 3D avançam vertiginosamente com intuito de um dia se tornarem banais ou a verdadeira realidade. E hoje, é possível estar virtualmente em todos os lugares do mundo, em segundos. Pensar em quanto isto é transformador é um absurdo.

Porém, como se comportar em um mundo que não quer mais dormir? Será que o ser humano é capaz de evoluir na mesma rapidez que as máquinas? Em um mundo que se mede cada vez mais a produtividade, qual é a linha tênue que delimita o acender e apagar das luzes de cada um, para que permaneçamos saudáveis? Embora ainda exista um número de horas que devamos respeitar para que funcionemos bem, são cada vez mais notáveis as consequências desta sociedade insone e pessoas dispostas a pagarem preço de ficarem acordadas por mais tempo do que deveriam. A ciência tem demonstrado os efeitos maléficos, a curto e longo prazo, de dias mal dormidos. E a resposta para o nosso comportamento diante do sono se torna cada vez mais uma batalha individual e um exercício contínuo de autodisciplina e autoconsciência. Precisamos nos lembrar que não somos máquinas, mesmo que as criemos, sejamos cada vez mais cobrados como homens de ferro, estejamos cada vez mais dependentes e cercado por elas. É comum nos filmes de ficção, esse temor de sermos engolidos pela tecnologia. Mas passo a passo, quase que imperceptivelmente, temos nos deixado à deriva. E uma mente menos atenta, talvez, realmente se deixe devorar. Enfrentamos a nova era de substituirmos nossos orgãos por próteses, nosso sono por redes sociais, nossa noite por luz, nossa vida por menos tempo de vida; por morte. Esse presente futuro nos trará cada vez mais promessas que nos assemelhem a máquinas agindo como humanos ou por que não, animais subjugados por seus instintos? Saber quais são suas prioridades, se conhecer para entender o equilíbrio entre sermos humanos tentando produzir como máquinas, tem se tornado cada vez mais vital. E, em meio a velocidade que deslizamos, saber a hora de pausar e cuidar da própria alma é um exercício importante a ser reaprendido. Cabe a nós, que vivemos a transição da era digital, ensinar nossas crianças que o mundo não é tão luminoso quanto parece. Que existe o dia e a noite. Da importância do nascer do sol, da hora do abajur na sala, a enfrentar a escuridão e quando se apagar as luzes. Pois caso contrário, serão filhas da inércia tecnológica desordeira com um Deus ausente. Chegamos ao tempo que temos maior autonomia para fazer nosso próprio tempo. Mas essa independência exige a maturidade e a sabedoria para manejar o claro e o escuro de cada um de nós.


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